Diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O diagnóstico do TEA é clínico e deve ser realizado por profissionais especializados, como neurologistas, psiquiatras e psicólogos. O processo envolve a observação do comportamento do indivíduo, entrevistas com familiares e a aplicação de testes padronizados.

Critérios Diagnósticos

Os critérios diagnósticos do autismo são estabelecidos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e incluem:

Quando Procurar um Diagnóstico?

Os primeiros sinais do TEA podem ser observados ainda na infância, geralmente antes dos 3 anos de idade. Indicadores incluem dificuldades na comunicação verbal e não verbal, ausência de resposta ao ser chamado pelo nome, falta de atenção compartilhada e padrões de comportamento atípicos.

Métodos de Avaliação

A avaliação do autismo pode ser realizada por diversos profissionais, incluindo neuropsiquiatras, neurologistas, psicólogos, Psiquiatra infantil ou psiquiatras, fonoaudiólogos, pediatras, Terapeuta ocupacional, Psicopedagogo (em alguns casos). O processo varia entre crianças e adultos, pois, em adultos, fatores como aprendizado social, adaptação e uso de "masking" (estratégia de camuflagem social) podem dificultar a identificação dos sinais.

Laudo válido

Somente médicos (com CRM) — como psiquiatras, neuropediatras ou pediatras — podem emitir um laudo médico oficial para fins legais, como acesso a tratamentos, benefícios e matrícula escolar.

A avaliação ideal deve envolver o trabalho conjunto de uma equipe multidisciplinar, garantindo um diagnóstico mais preciso e um plano de intervenção adequado.

O diagnóstico precoce é fundamental para reduzir impactos negativos e garantir intervenções adequadas. Além da avaliação clínica, exames complementares, como a escala ADOS-2 (Autism Diagnostic Observation Schedule) e ressonância magnética, podem auxiliar na confirmação do diagnóstico.

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico do TEA deve ser realizado com cautela, pois alguns sintomas podem estar presentes em outros transtornos, como TDAH, ansiedade extrema ou condições médicas associadas. A avaliação deve ser detalhada para evitar diagnósticos equivocados.

Critérios Essenciais do TEA (DSM-5)

Para o diagnóstico de TEA, dois grupos de critérios devem ser analisados:

1. Déficits na Comunicação e Interação Social

Todos os três subitens abaixo devem estar presentes:

2. Padrões de Comportamento Restritos e Repetitivos

Pelo menos dois dos quatro subitens abaixo devem estar presentes:

Diagnóstico Provisório

A legislação permite a emissão de um laudo provisório de TEA em casos onde há incerteza diagnóstica. Essa medida visa evitar diagnósticos errôneos e garantir acesso a terapias e intervenções necessárias até a confirmação definitiva.

Fatores Genéticos

A hereditariedade é um fator de risco relevante no TEA. Indivíduos com familiares diagnosticados têm maior probabilidade de apresentar a condição, embora não seja um fator determinante. Estudos demonstram que até mesmo gêmeos idênticos podem apresentar diferentes manifestações do transtorno.

Quais os benefícios do diagnóstico de TEA em adultos?

O diagnóstico do autismo em adultos permite que a pessoa receba apoio através da rede de apoio familiar, médico e terapêutico com um tratamento adequado, que poderá melhorar a qualidade de vida. Além disso, o autoconhecimento proporcionado pelo diagnóstico pode ajudar na aceitação e no desenvolvimento de estratégias para lidar com desafios diários.

  • Acesso a apoio psicológico – Possibilidade de buscar terapia especializada, como Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) voltada para autistas.
  • Terapia para desfazer os efeitos do masking – Trabalhar a autenticidade e reduzir o desgaste emocional causado por camuflagem social.
  • Acompanhamento profissional – Auxílio na adaptação ao ambiente de trabalho, podendo solicitar ajustes e suporte adequado.
  • Terapias e medicamentos para ansiedade ou depressão – Melhor compreensão das necessidades emocionais e acesso a tratamentos mais eficazes.
  • Atendimento prioritário em estabelecimentos, educação, saúde e trabalho – Garantia de direitos para facilitar o dia a dia e melhorar a inclusão.

Outros benefícios do diagnóstico

  • Autoconhecimento e aceitação – Explica desafios enfrentados ao longo da vida e ajuda na construção da autoestima, reduzindo a autocrítica.
  • Acesso a apoio e recursos – Maior acesso a grupos de apoio e comunidades neurodivergentes.
  • Adaptações no trabalho e na educação – Possibilidade de solicitar condições mais adequadas ao estilo de trabalho e aprendizado.
  • Melhoria na qualidade dos relacionamentos – Parentes, amigos e parceiros podem entender melhor a forma de comunicação e interação do autista.
  • Saúde mental – Redução do risco de ansiedade, depressão e burnout ao entender melhor os próprios limites e necessidades.
  • Ressignificação da história pessoal – Explicação para desafios enfrentados ao longo da vida, trazendo alívio e validação.

Todo autista é superdotado?

Não. Nem todo autista é superdotado, e nem todo superdotado é autista. Embora possa haver interseção entre os dois perfis, eles são condições diferentes.

Diferença entre Autismo e Superdotação

Característica Autismo (TEA) Superdotação
Definição Transtorno do neurodesenvolvimento, com desafios na comunicação, socialização e comportamentos repetitivos. Alta habilidade ou talento excepcional em uma ou mais áreas (ex.: lógica, arte, linguagem).
Diagnóstico Feito por equipe multiprofissional, baseado em critérios clínicos (DSM-5). Identificado por testes de QI, desempenho e observações.
QI (Quociente de Inteligência) Pode variar de baixo a muito alto. Geralmente acima de 130.
Sociabilidade Pode haver dificuldades significativas de interação social. Pode ter habilidades sociais boas, médias ou, às vezes, retraídas.
Comunicação Pode ter atraso de fala, dificuldades pragmáticas ou ecolalia. Normalmente tem vocabulário avançado e comunicação precoce.
Interseção (dupla excepcionalidade) Quando a pessoa é autista e superdotada, exigindo estratégias educacionais específicas. Pode apresentar traços parecidos com autismo, mas não se enquadrar no diagnóstico.

O que é dupla excepcionalidade?

É o caso de pessoas que têm superdotação e algum transtorno do neurodesenvolvimento, como o autismo. Esses casos são raros, mas exigem atenção especial, pois os pontos fortes podem mascarar dificuldades, e vice-versa.

Exame de fezes pode identificar autismo?

Resposta curta: Ainda não existe um exame de fezes oficialmente reconhecido para diagnosticar o autismo, mas há pesquisas em andamento que investigam essa possibilidade com base na microbiota intestinal.

O que dizem os estudos?

  • Autistas têm uma microbiota diferente: Estudos mostram que muitas pessoas com autismo apresentam alterações na flora intestinal, o que pode explicar sintomas como constipação, diarreia ou dores abdominais.
  • Eixo intestino-cérebro: Existe uma conexão entre o intestino e o cérebro por meio de neurotransmissores como a serotonina (90% dela é produzida no intestino). Alterações na flora intestinal podem influenciar comportamento, cognição e humor.
  • Testes experimentais: Alguns laboratórios vêm desenvolvendo testes de fezes que analisam o perfil microbiano e buscam identificar padrões associados ao autismo. Porém, esses testes são experimentais e não substituem a avaliação clínica.

⚠️ Importante

Atualmente, o diagnóstico de TEA é feito clinicamente, com base em comportamentos, histórico de desenvolvimento e critérios do DSM-5.

Exames de fezes, genéticos ou de sangue podem auxiliar no futuro, mas hoje ainda são considerados apenas complementares.

✅ Em resumo

  • Sim, há evidências de que a flora intestinal de autistas seja diferente.
  • Existem testes de fezes experimentais, mas ainda não são reconhecidos como diagnósticos oficiais.
  • O diagnóstico clínico, feito por profissionais especializados, continua sendo o método principal.

Passo a Passo para o Diagnóstico

  1. Fazer uma avaliação neuropsicológica com o neuropsicólogo.
  2. Realizar testes como:
    • Teste de QI
    • Teste de memória de longo prazo
    • Teste de atenção e concentração
    • Teste de habilidades sociais
    • Outros conforme recomendação do profissional
  3. Após receber o laudo, caso tenha o TEA, leve ao médico psiquiatra.
  4. O psiquiatra emitirá um documento com o código CID-10, como:
    • F84: Transtornos globais do desenvolvimento (TEA - Transtorno do Espectro Autista)
    • F84.5: Síndrome de Asperger
    • F84.9: Transtorno do desenvolvimento não especificado
  5. Com esse documento, você pode solicitar o CIDTEA.
  6. Com todos os documentos, você terá direito aos benefícios da Pessoa com Deficiência (PCD).

>